No âmbito do processo de consulta pública do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Mina do Barroso, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) realizou na passada quarta-feira em Boticas, no Auditório Municipal, uma sessão de esclarecimentos dirigida a entidades convidadas, a fim de serem prestadas informações e esclarecidas dúvidas sobre o projeto quer está em avaliação.
Nesta sessão, conduzida pela APA e onde estiveram representantes quer da Visa Consultores, empresa que realizou o Estudo de Impacto Ambiental, quer da Savannah, marcaram presença a Câmara Municipal de Boticas (que integrou, para além do Presidente e do vice-presidente, um conjunto de especialistas que estão a assessorar a autarquia no acompanhamento deste processo), a Câmara Municipal de Ribeira de Pena, cujo Município será também afectado com o Projeto de exploração da Mina, sobretudo no que diz respeito aos acessos, a Junta de Freguesia de Covas do Barroso, a Junta de Freguesia de Dornelas, Junta de Freguesia de Canedo, Cooperativa Agrícola de Boticas, Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), Associação Empresarial Botiquense – Mais Boticas, Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega (CIMAT), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Comunidade dos Baldio de Covas do Barroso, Comunidade dos Baldios do Couto de Dornelas, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, Associação Ambiental e Cultural Celtiberus, Associação Montalegre Com Vida, Associação Povo e Natureza do Barroso e Movimento Não às Minas Montalegre.
No final da reunião, que decorreu à porta fechada e sem a presença de jornalistas, o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, explicou ter ficado “ainda mais confuso e preocupado”, já que, no seu entender, “o Estudo de Impacto Ambiental demonstra que a empresa responsável pela sua elaboração desconhece por completo a realidade do concelho de Boticas e da região”, indo ainda mais longe ao referir que “este EIA é uma autêntica falácia e parece retirado de um outro qualquer estudo realizado noutra qualquer área do globo, já que para além de não ter em conta especifica e objetivamente as realidades de Covas do Barroso, tem uma linguagem imprópria e completamente desajustada, que não reflecte, de forma alguma, aquilo que é o nosso concelho”.
O Presidente da Câmara lembrou, a propósito, que “os pilares fundamentais de desenvolvimento deste território assentam na paisagem, na população e na imagem de marca que é o Barroso, reconhecido como Património Agrícola Mundial. Uma possível exploração mineira deitaria tudo a perder, descaracterizando por completo o território, originando perdas avultadas ao nível dos rendimentos das populações, que vivem sobretudo da agricultura e da pecuária, já para não falar das irremediáveis perdas ambientais e destruição dos habitats e dos efeitos na saúde das populações”.
Por tudo isto, garante Fernando Queiroga, a Autarquia, em conjunto com a população, “tudo irá continuar a fazer para travar este projecto”, demonstrando-se confiante que a APA, tendo em conta todas estas razões, bem com a “incoerência deste EIA”, venha a dar parecer negativo ao mesmo.