Cumpriu-se na passada terça-feira, dia 20 de Janeiro, o dia de S. Sebastião e a celebração da “Mesinha de S. Sebastião”, em Dornelas, que se integra na antiga tradição das refeições comunitárias rituais ou festivas.
Esta festividade tem a sua origem aquando das invasões francesas (a 2ª, em 1809), mas há quem a faça recuar no tempo. Esta gente tem fé em S. Sebastião, o patrono da guerra, da fome e da peste, que na 2ª invasão francesa evitou que os soldados de Napoleão os espoliassem, porque passaram ao largo. Isso foi um “milagre” e daí a festa se repetir todos os anos. Dizem que durante um ano não haverá nesta aldeia nem fome nem peste. Mas tal poderá acontecer se não fizerem a festa.
Neste dia, a população oferece pão, arroz e carne de porco a todos quantos visitam a freguesia, dispostos ao longo de uma extensa mesa onde todo o mundo tem o direito de comer. O pão é metade centeio e a outra metade milho. Todo o grão leva à volta de oito dias a moer. A farinha leva dois dias a amassar. Durante dois dias é cozido, sabendo-se que se gastam cinco carros de lenha para aquecer o forno. A carne de porco é da orelheira, peituga e beiça, e é posta a cozer à lareira em potes de ferro. O arroz é feito na água de cozer as carnes.
Toda a comida é benzida, sendo o pão posto em cestos e a carne e o arroz em grandes tachos. Depois, é distribuída de vara em vara, em cima da mesinha que tem algumas centenas de metros de comprimento e que é disposta ao longo da rua principal.
Antes de se começar a comer, é dado S. Sebastião a beijar, recolhendo-se ao mesmo tempo as esmolas que cada um lhe queira oferecer.
É uma festa única, que se repete ano após ano.