A Região do Barroso, constituída pelos Municípios de Boticas e Montalegre, foi recentemente distinguida como Património Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Este território passou a ser a primeira região do país e uma das primeiras a nível europeu a conseguir alcançar tal feito.
A entrega dos certificados aos novos sítios GIAHS (Global Important Agricultural Heritage Systems) aconteceu no passado dia 19 de abril, na sede do departamento da ONU, em Roma, e contou com a presença dos Presidentes da Câmara de Boticas e Montalegre, Fernando Queiroga e Orlando Alves, respetivamente, de um representante do Governo de Portugal, e do Secretário-geral da ADRAT, António Montalvão Machado.
A representação dos dois concelhos barrosões em Roma primou também pela demonstração de alguns produtos de excelência existentes nesta região, como por exemplo, o presunto, mel, chás e infusões, licores, enchidos, doces, bolachas, vinho dos mortos, água de Carvalhelhos, entre outros.
O Presidente da Câmara Municipal de Boticas, Fernando Queiroga, acredita que “com este reconhecimento mundial, a Região do Barroso vai conquistar um novo impulso e, consequentemente, ser mais valorizada.”.
“Esta distinção faz com que, a partir de agora, tenhamos responsabilidades acrescidas no que diz respeito não só à valorização e preservação deste território, mas também à proteção das pessoas que nele vivem.”, salientou o autarca.
Esta distinção é o culminar de um processo iniciado em 2016, cuja candidatura foi elaborada pela Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT) e formalizada junto da FAO pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Este processo contou também com o envolvimento das câmaras municipais de Boticas e Montalegre, e de duas instituições de Ensino Superior, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Universidade do Minho (UM).
Na base desta distinção encontra-se o sistema agro-silvo-pastoril do Barroso, um importante método de proteção e promoção do património agrícola, sustentado pela preservação da agricultura tradicional e conservação do meio ambiente, em especial, as paisagens.
Esta certificação visa alertar para a importância de proteger os bens e serviços sociais, culturais, económicos e ambientais, promovendo uma abordagem que alia a agricultura sustentável ao desenvolvimento rural.
Desde 2016 já foram certificados como Sistemas Importantes do Património Agrícola Mundial, 14 novos lugares.
À semelhança dos outros sítios anteriormente declarados, entre os novos sistemas destacam-se aqueles que mantêm hábitos agrícolas tradicionais, que promovem a sustentabilidade, salvaguardam a biodiversidade e protegem o meio ambiente, ao mesmo tempo que apoiam o desenvolvimento social e económico das comunidades locais.
Os sítios distinguidos a nível mundial são lugares classificados como deslumbrantes e que transformaram as paisagens de cada país em autênticas obras de arte. Particularidades que valorizam e protegem não só o modo de vida das pessoas, mas também a produção sustentável de alimentos.
Os 14 sítios designados de GIAHS são o Oásis de Siwa (Egipto); o Sistema agrícola das “Chinampas” na zona Património Mundial, Natural e Cultural da Humanidade de Xochimilco, Tláhuac e Milpa Alta (México); o Sistema composto “Zhagana” de agricultura, silvicultura e criação de animais (China); o Sistema de diques de amoras e lagos de peixes em Huzhou - Zhejiang (China); o Sistema tradicional de gestão de água para o cultivo sustentável de arroz, Osaki Kodo (Japão); o Sistema agrícola em encostas íngremes, de Nishi-Awa (Japão); o Sistema tradicional de produção de chá Hadong, em Hwagae-myeon (República da Coreia); o Sistema agrícola do Vale Salado de Añana (Espanha); o Sistema de produção de uvas passas em La Axarquía – Málaga (Espanha); o Sistema de irrigação com depósitos comunitários em cascata, em áreas secas (Sri Lanka); os Campos de arroz em plataforma, nas zonas montanhosas e com colinas do sul (China); o Sistema tradicional de amoreiras no antigo leito do rio Amarillo em Xiajin (China); o Cultivo tradicional de wasabi em Shizuoka (Japão) e o Sistema de agricultura, silvicultura e pastoreio do Barroso (Portugal).