Ao longo dos últimos meses têm vindo a realizar-se ações de reprodução em cativeiro do mexilhão-de-rio (Margaritifera margaritifera) no Centro de Reprodução dedicado à espécie, localizado no Boticas Parque – Natureza e Biodiversidade (BNB).
As ações iniciaram-se nos meses de setembro e outubro com recolha de gloquídeos (larvas de mexilhão-de-rio) e prosseguiram, de abril a junho, com a colheita e libertação de mais de 20 mil de juvenis em vários pontos do rio Beça, contribuindo para a preservação da espécie no Concelho de Boticas e em Portugal.
Foram ainda reservados vários milhares de juvenis em condições controladas no Centro de Reprodução, recorrendo a diferentes estratégias devidamente estudadas e dimensionadas, com o objetivo de acompanhar o seu desenvolvimento, aumentando assim a probabilidade de sobrevivência em meio natural.
As ações de preservação e reprodução de mexilhão-de-rio decorreram no âmbito do “Programa de Medidas de Compensação de Fauna e Flora associadas ao Projeto Tâmega”, do qual derivou um protocolo celebrado entre o Município de Boticas e a Iberdrola, empresa responsável pelo projeto do Sistema Eletroprodutor do Tâmega.
De acrescentar que o mexilhão-de-rio é uma espécie protegida internacionalmente pela Convenção de Berna e pela Diretiva Habitats da Comissão Europeia, estando registada como espécie “Em Perigo” no mundo e como “Criticamente em Perigo” na Europa, pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
O mexilhão-de-rio está distribuído na Europa, desde os países escandinavos ao noroeste ibérico, e estima-se que cerca de 95% das suas populações já tenham desaparecido, sendo que a poluição e perda do habitat, assim como a diminuição das populações de salmões e trutas de que dependem, são os fatores que mais contribuíram para o desaparecimento de grande parte da espécie.
O mexilhão-de-rio é um excelente indicador da qualidade ambiental, nomeadamente da água, e o sucesso da sua recuperação depende do bom estado do ecossistema em que vive.