O Salão Nobre da Câmara Municipal de Boticas recebeu, na passada sexta-feira, dia 25 de outubro, a apresentação do Estudo do Dr. Steven H. Emerman, elaborado com base na sua vasta experiência nesta matéria.
A iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Boticas em parceria com a Junta de Freguesia de Covas do Barroso e a Associação “Unidos em Defesa de Covas do Barroso”, teve como intuito alertar para os impactos da Mina do Barroso na hidrologia da região circundante à proposta mina.
O Presidente da Câmara Municipal de Boticas, Fernando Queiroga, deu as boas-vindas a todos os presentes, reiterando na sua intervenção que “o município de Boticas tomou uma posição clara desde o início: somos contra, mas não é de ânimo leve nem por acaso, é com bases fundamentadas. É uma posição sustentada com conhecimento de causa”, afirmou.
O autarca botiquense acrescentou ainda que “há muita contra informação e com esta sessão pública pretendemos esclarecer a população, com a apresentação do estudo do professor que tem reconhecidos conhecimentos sobre esta matéria”, referiu.
O Professor Steven H. Emerman, geólogo há 31 anos, analisou o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da exploração de lítio a céu aberto em Covas do Barroso.
Na sua apresentação, o geólogo enumerou oito razões pelas quais o projeto “pode levar a uma falha catastrófica na barragem de rejeitados”: A empresa nunca usa a palavra “barragem”, o que lhes permite fugir às exigências ambientais; A barragem de rejeitados é demasiado alta para um clima tão húmido; Utiliza um método de construção que é ilegal em muitos países e tem sido inclusive denunciado pela indústria mineira; É muito perto do rio; É mais inclinada que o recomendado pelos padrões da indústria; A mineração e o processamento de lítio estão repletos de tecnologias não testadas; A barragem de rejeitados é uma instalação permanente e não há nenhuma garantia de que a empresa a mantenha para sempre; Não houve testes suficientes para drenagem ácida.
Na sessão pública, Steven H. Emerman alertou que, em caso de falha os resíduos da mina podem mesmo chegar ao oceano Atlântico.
A conclusão do estudo é que, “no caso de falha catastrófica da barragem de rejeitados da Mina do Barroso, os rejeitados chegarão ao oceano Atlântico”, pelos rios de Covas, Tâmega e Douro.
Steven H. Emerman questiona ainda “como é que a empresa mineira e as autoridades reguladoras podem dar certezas de que a mina de Covas do Barroso será o primeiro exemplo de uma mina deste tipo que não causará poluição ambiental?”, apresentando vários “maus exemplos” e ocorrências registadas em diversos países ao longo da sessão.
O geólogo acredita que os impactos da mina do Barroso na hidrologia da região são suficientes para a rejeição total do projeto. “Por todas estas razões [apresentadas], recomendo a rejeição do projeto “Mina do Barroso” da Savannah Resources”.
No final da sessão pública o professor Steven H. Emerman respondeu a várias questões colocadas pelo público presente, dando a sua opinião dentro daquela que é a sua experiência e área de conhecimento.
Para além das várias entidades locais, a sessão contou ainda com a presença do Secretário-Geral da Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), António Montalvão Machado, e do Comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Tâmega e Barroso, Artur Mota.