Na sequência dos incêndios que se registaram no país durante o mês de Agosto, o Ministério da Agricultura, através de despacho do Ministro António Serrano, publicado no Diário da República de 27 de Agosto, concedeu uma ajuda específica de emergência à alimentação animal, para compensar as necessidades de alimentação animal nas áreas de pastoreio ardidas na época de incêndios, salvaguardando, contudo, que apenas se poderiam candidatar a essas ajudas (no valor de 40 € por cabeça de gado ovino e caprino e de 100 € por bovino) os agricultores das freguesias constantes num anexo publicado com o referido despacho, anexo esse onde não consta nenhuma das freguesias do concelho de Boticas, justificando-se tal omissão por, à data, não terem existido no concelho incêndios de maior relevância e de prejuízos significativos.
Todavia, a 31 de Agosto e 01 de Setembro, algumas freguesias do Concelho de Boticas, e em particular Covas do Barroso, foram devastadas por um incêndio de grandes proporções, como deu conta a Comunicação Social, que se traduziu em prejuízos avultados para os agricultores, com perdas totais de colheitas e de forragens para alimentação do gado. Os agricultores afectados vivem dias de grande desespero, não tendo com que alimentar o gado, nem condições financeiras para assegurarem o seu próprio sustento.
Fernando Campos, Presidente da Câmara Municipal de Boticas, refere-se a esta situação como “mais uma medida discriminatória face a estas regiões do interior do País”, sublinhando, ironicamente, que “o azar voltou a bater à porta do Concelho de Boticas, uma vez que este incêndio, para mal dos agricultores, aconteceu com três dias de atraso…”. O autarca refere ainda que “para ser reposta alguma justiça social e todas as regiões serem olhadas da mesma forma já deveria ter sido publicado um novo despacho, ou uma adenda ao anterior, onde fossem contempladas as freguesias devastadas pelos incêndios depois do dia 27 de Agosto, até porque a época de incêndios florestais termina apenas no dia 15 de Outubro e há muitas freguesias e muitos agricultores a passar sérias dificuldades que ficaram excluídos destas ajudas à alimentação animal”.
“Esperamos que esta situação seja corrigida em breve, pois mais vale tarde do que nunca, sob pena das dificuldades dos agricultores se agudizarem e se tornar impossível remediá-las. Estamos há vários dias a contactar com o Gabinete do Sr. Ministro para obtermos um esclarecimento sobre esta situação, mas ainda não obtivemos qualquer resposta nem esclarecimento da sua parte”, remata o Presidente da Câmara de Boticas.